Playstation Portal: Review em acesso Antecipado
A Playstation conseguiu captar a atenção de muitos fãs de videojogos ao anunciar um novo dispositivo portátil que levou alguns de nós a especular por meros instantes se os dias das handheld Sony como a PSP ou a PS Vita estariam de volta. Não é, meus amigos, o caso da Playstation Portal.
Estamos a falar de um novo dispositivo do ecossistema Playstation que pretende preencher o que se poderia entender como algo que estaria em falta na experiência Sony: a sua portabilidade. O Playstation Portal é um equipamento que tira partido da tecnologia de Remote Play da Sony (algo já possível de se fazer, por exemplo, entre a Playstation 4 e a PS Vita) e permite ao utilizador aceder à sua consola em qualquer lado da casa ou mesmo em qualquer lado a que consiga aceder à internet.
Com data de lançamento marcada para dia 15 de novembro, e com o preço em Portugal marcado nos 219,99 euros, a questão que muitos poderiam ter até à data seria: valerá a pena o investimento, sendo este um dispositivo completamente focado em remote play?
Ora, aqui o bino já teve acesso ao dispositivo e algum tempo para o testar, portanto se me permitem, é exatamente uma resposta a essa questão que vou tentar ter para vocês neste artigo.
Vamos lá então às minhas primeiras impressões deste novo Playstation Portal.
DualSense vs. Playstation Portal
Aquilo que provavelmente saltará à vista de todos será o design pouco habitual do Playstation Portal. Eu não fui, de todo, exceção à regra. O Portal apresenta um design que parece partir um comando dual sense a meio para inserir nesse espaço o seu ecrã, o que é completamente propositado.
Admito que posso ter-me mantido algo cético no que toca à escolha, mas a verdade é que a mesma permite que o utilizador troque de comando para Portal de forma orgânica e intuitiva, sem necessidade de se habituar a um comando diferente, ou a um layout de botões distinto. Além disso, o Portal traz consigo todas as funcionalidades que fazem do dualsense, a meu ver, um dos melhores comandos do mercado:
Adaptive triggers: uma funcionalidade que insere resistência nos botões L1, L2, R1 e R2 dependendo da ação dentro do próprio jogo.
Haptic Feedback: uma evolução do “rumble” do antigo Dual Shock que passa para as mãos do jogador sensações mais detalhadas que vão correspondendo com o que se passa no jogo;
Touchpad: enquanto que o DualSense conta com um touchpad no centro do comando, o mesmo é replicado em todo o ecrã do Portal.
Outra questão a realçar nesta “comparação” é também o peso de ambos os equipamentos. O Dual Sense ronda as 280g enquanto que o novo Playstation Portal é um pouco mais pesado, mas ficando apenas pelas 530g. Há de facto um aumento, mas não é suficiente para fazer com que o Portal seja difícil de manusear ou segurar durante sessões de “videojoganço” mais prolongadas.
Ecrã
O Playstation Portal conta com um ecrã LCD de 8 polegadas, com uma resolução de 1080p e taxa de amostragem de 60Hz, o que chega perfeitamente para o efeito pretendido. É claro que a qualidade de imagem vai depender da ligação entre Portal e Playstation 5, mais especificamente da estabilidade da ligação WiFi – mas posso dizer que fiquei bastante satisfeito com a qualidade de imagem neste novo dispositivo – principalmente no que toca a brilhos, à clareza da imagem e às cores. Sendo alguém que tipicamente opta por modos de performance para chegar a frame rates mais altas, poder continuar as experiências Playstation a 60 fps no Portal é também um ponto bastante positivo para mim.
O comando Dualsense conta com uma componente touch no centro do mesmo, pelo que o ecrã do Portal é, também ele, um touch screen. Não só podem utilizá-lo da mesma forma que utilizam o do dualsense durante o jogo, como podem também utilizar a funcionalidade touch para navegar mais rapidamente pelo interface da máquina, algo de que irei falar mais à frente.
Som
O Portal conta com duas colunas localizadas na parte superior do dispositivo, como se de um comando normal da Playstation se tratasse. Na mesma área encontram-se também dois botões para a regulação do volume.
A qualidade de áudio é aquilo que esperava de um equipamento deste género, mas com um volume máximo ainda generoso, e sem distorção que possa prejudicar a nossa imersão. Contudo, sinto que a melhor opção será mesmo utilizar o Portal em conjunção com um equipamento de áudio para uma experiência ainda melhor.
Provavelmente estarei na minoria quando digo isto, mas continuo a gostar de ter a opção de utilizar headset ou earphones com cabo no equipamento que utilizo no dia a dia. A existência de uma entrada para jack 3,5mm é para mim um ponto muito positivo. Podem também utilizar uma alternativa com ligação PS Link, presente nos novos equipamentos de áudio da Playstation.
Aproveito para dizer que a Playstation Portal não conta com conectividade Bluetooth, razão pela qual não poderão utilizar equipamento que necessite dessa ligação.
Bateria
A longevidade da bateria é para mim sempre algo difícil de comentar num dispositivo como o Portal. Poderíamos fazer a comparação ao comando Dual Sense, mas a existência de um ecrã distingue imediatamente ambos os dispositivos. Poderíamos compará-lo a outras consolas portáteis, mas o Portal não corre nada nativamente – apenas de forma remota. Por fim, conta também com uma resolução 1080p e com um ecrã que consegue ser bastante brilhante – o que pode também fazer variar a longevidade da bateria do Portal dependendo da utilização que lhe é dada.
Com tudo isto dito, para o meu tipo de utilização e com o brilho a 80%, a bateria do Portal ronda as 7-8 horas – o que me surpreendeu pela positiva, até porque me parece que o calcanhar de Aquiles de grande parte das soluções móveis para “gaming” é mesmo a longevidade das suas baterias.
Voltar a carregar o Portal é também bastante simples, sendo apenas necessário um cabo USB-C.
Software
O Portal promete algo bastante simples – permitir ao utilizador levar a experiência Playstation para qualquer lugar, e desancorar a experiência Sony da sala onde a consola se encontra. A simplicidade da promessa permitiu também o desenvolvimento de uma experiência de utilizador também ela simples, direta e extremamente intuitiva.
Assim que ligamos o Portal, é-nos pedido para fazermos a ligação à nossa conta Playstation e de seguida à nossa consola, com tutoriais claros e de rápida execução no ecrã. Assim que esse passo for concluído, temos então acesso à interface principal. Lá temos acesso a modo de avião, à opção de ligação a um dispositivo áudio através do PS Link e às definições habituais. Sou também muito fã do quão fácil é chegar à configuração pretendida, e quão poucos clicks são necessários para o efeito.
Reitero no entanto que se tentarem encontrar conectividade Bluetooth no Portal não a vão encontrar, o que me parece ser um dos pontos negativos que possam ser apontados ao hardware.
Experiência Remote Play
Assim que temos o Portal ligado à nossa Playstation 5 começar a jogar está à distância de apenas um botão, e a passagem fluida.
Agora, vamos lá dizer algo que deve ser óbvio para todos: a qualidade de ligação entre dispositivos é de extrema importância. Estamos no final das contas a falar de uma solução de Remote Play, e como tal há problemas que podem surgir que não são de todo culpa do equipamento da Sony. Se do lado de um dos dispositivos, Portal ou Playstation 5, houver algum tipo de instabilidade de ligação – há uma clara queda de qualidade e um aumento de input lag – ou aumento do tempo de resposta.
Com isto em mente, aproveitei para fazer vários testes: jogar na mesma casa e na mesma rede, numa rede fora de casa e mesmo através de dados móveis. Vamos a resultados:
Jogar em casa: A forma mais estável de pegar no Portal, como já seria de esperar. Consegui dar uso a toda a capacidade do ecrã e a 60fps em qualquer um dos jogos em que peguei (Spider-Man 2, God of War Ragnarok e Gran Turismo 7);
Jogar fora de casa: Utilizar o Portal longe da nossa Playstation 5 pode trazer consigo alguns desafios adicionais. Cheguei a tentar jogar por exemplo, sem grande sucesso, numa rede cuja configuração não me permitia fazê-lo. No entanto, e correndo o risco de me tornar um pouco repetitivo, se a ligação for estável de ambos os lados, o Portal não deixa de todo a desejar.
Dados Móveis: Como sou um indivíduo que de vez em quando tem uns rasgos de parvoíce, resolvi estoirar parte dos dados móveis que tinha ao meu dispor. Reparem, não fui assim TÃO parvo – utilizei os dados da Gi, como é óbvio. Contudo, o resultado final foi melhor do que esperava. Pequenas flutuações na ligação foram mais evidentes, tendo tido um ou outro momento de bastante lag, mas na falta de uma ligação mais estável é também uma opção que podemos considerar.
Como em qualquer solução de cloud gaming ou remote play no entanto, e como sou um pouco picuinhas, consegui reparar em algum input delay. Sinto que esse mesmo delay se manifestou um pouco mais ao utilizar dados móveis, o que seria também de esperar, mas que mesmo em casa existia. Julgo não ser contudo algo que nos estrague a experiência: foi uma pequena concessão que achei fácil de fazer em prol da experiência geral que o Portal proporciona. O que não recomendava era optarem por esta solução se o vosso objectivo for jogar competitivamente ou, vá, acabar com um dos bosses mais chatos em God of War.
Realço também que o Playstation Portal não tem qualquer entrada para cabo Ethernet nem slot para cartão de dados – pelo que WiFi é a única forma de ligarem o Portal à vossa Playstation 5.
Conclusão
Há duas questões que se impõem: o Playstation Portal é um dispositivo para quem? E valerá o investimento?
Em primeiro lugar sinto que o Portal não é uma experiência “MUST HAVE” para qualquer fã da Sony. É um equipamento que colmata a falta de mobilidade de um sistema Playstation 5 – algo que poderá não ser problema para muitos de vocês.
É um dispositivo que pode ser bastante útil para quem quer jogar em mais do que um sítio na mesma casa ou para quem tem que partilhar a sua televisão com outras pessoas. É também uma solução interessante para quem quer levar a sua Playstation 5 consigo para qualquer lado – seja em trabalho ou de férias, sem o risco de dar um mau jeito às costas.
Se se encontrarem num desses grupos, então pode ser uma solução a considerar. E se for o caso, permitam-me então responder à segunda questão:
O Playstation Portal vale o valor que é pedido. É bem construído, tem um ecrã que apesar de não ser OLED continua a ser bem satisfatório, e que nos permite levar a nossa experiência Playstation 5, quase na sua totalidade, para todo o lado – não fosse a implementação de toda a tecnologia Dual Sense neste dispositivo.
Agora se me permitem vou acender uma velinha – pode ser que um dia lá chegue uma PS Vita 2! Não custa nada sonhar, certo?
Até à próxima!
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