Review de Stellar Blade
Eu sei que muitos querem jogar Stellar Blade por, bem, motivos.
Mas atrás de todos esses motivos, está de facto um bom Hack and Slash que me encheu completamente as medidas nas últimas semanas, investindo mais de 27 horas a completar a missão principal e várias das secundárias, provando que muitas vezes existe algo mais que aquilo que aparenta.
A premissa de toda a narrativa é simples. A terra foi dizimada por uma raça alienígena de nome Naytibas, com grande parte da população a refugiar-se nos confins da galáxia. EVE, a protagonista, é enviada juntamente com o seu esquadrão para a Terra de forma a combater estes inimigos e reivindicar a Terra. Infelizmente todo o seu esquadrão é derrotado, restando apenas nós para terminar a missão.
É uma premissa algo genérica, mas que conta com os seus Plot Twists, mesmo que os vejam a léguas de distância. Para o bem e para o mal, Stellar Blade vai ser imensamente comparado com Nier Automata, e apesar de não considerar que esteja ao mesmo nível desse clássico, faz muita coisa bem.
EVE enquanto a protagonista é uma personagem com a qual vamos ganhando alguma afinidade à medida que a história desenrola, iremos ainda reparar em como a mesma ganha mais personalidade ao longo do jogo, contrariando a sua forma de estar no início do da campanha.
Muitos meios e internautas comentaram a sua aparência, que não tenho como mentir dizendo que o próprio jogo a usa como arma, quer pelos mais variados acessórios e fatos, muitos fatos repito, alguns deles “especiais”, como pelos múltiplos ângulos de câmara em Quick Time Events onde é claro para onde querem que os jogadores centrem as suas atenções. Mas uma vez mais digo, isto não define o jogo, nem é a primeira vez que títulos do género fazem ou apresentam algo deste tipo.
Como sabem sou fanático por Hack and Slashs, Devil May Cry é a minha série favorita e jogos como Bayonetta, God of War, Ninja Gaiden e Nier claro, fizeram e fazem parte dos meus títulos de eleição. Por isso sabia que não iria ser difícil apreciar Stellar Blade.
É claro que amei o combate de Stellar Blade, que no início parece um pouco frouxo, algo que vai evoluindo com o tempo e com as várias skills que vamos desbloqueando. Os Parry e Dodges tornam-se mais fáceis de executar, mais desfrutáveis, assim como todas as habilidades começam a interligar-se. Leva-nos assim a momentos, especialmente frente a bosses, que parecem uma dança sincronizada perfeita e harmonioza, com EVE a conduzir.
Por outro lado e para minha surpresa, o jogo não é apenas este tipo de combate com a clássica espada que tantos do gênero usam. Existem certos momentos da história em que o jogo nos obriga a usar o nosso drone como arma de fogo, retirando-nos o acesso à nossa espada, alojada no nosso cabelo para quem não reparou. Estes segmentos são mais “pesados” levando a alguns sustos genuínos, perfeitos para limpar o palato com algo novo, refrescante e impróprio para cardíacos.
O visual dos inimigos é extremamente agressivo, criaturas que facilmente surgiam num Bloodborne ou Dead Space, cada uma com um design distinto e golpes que nos obrigam a ter atenção e à forma como os abordamos. Ao contrário de muitos Hack and Slash, aqui tanto os Parrys como os Dodges são parte integrante do combate, remetendo aos Souls de Miyazaki em especial a Sekiro, mesmo não considerando justa a comparação.
Os Parrys permitem enfraquecer os inimigos, levando a que os mesmos fiquem vulneráveis por um curto período. O mesmo é valido para bosses, alguns dos melhores que vi em videojogos nos últimos tempos a nível de design e mecânicas, sobretudo os apresentados na fase final do jogo.
Existe um em particular que não posso mostrar, mas também não posso deixar de mencionar, que me deixou maravilhado, tanto pelo desenrolar do combate como pelo respetivo design do boss e cenário.
Por falar em cenários, aqui vem a minha maior crítica ao jogo. Stellar Blade apresenta diversos biomas, cenários que vão variando e felizmente no último segmento, este aspeto melhora IMENSO, com muitos dos ambientes até então a serem desertos, em particular as regiões “Open World” que quase me levaram à loucura. É aqui onde enfiam à força grande parte das side quests, mas também é aqui que o jogo enrola e nos apresenta a sua maior fraqueza. As outras zonas mais lineares como Eidos 7 e Matrix 11 acabaram por ser mais apreciadas por parecerem ter um princípio, meio e fim definido.
Graficamente é soberbo, nada a apontar, assim como a sua respetiva performance. Stellar Blade consegue falhar em algumas das suas texturas, sem dúvida, mas como um todo apresenta locais estonteantes que puxam pela beleza de uma Terra futurista em ruínas, acompanhado sempre por uma banda sonora que deverá ser das melhores que ouvi nos últimos tempos e que uma vez mais remete imenso a Nier.
Stellar Blade não é perfeito, mas para primeiro jogo daquilo que espero ser uma série, não poderia esperar mais. Se não gostarem de jogos do género, então não consigo determinar se vão desfrutar de Stellar Blade, mas, se como eu, apreciarem os títulos que mencionei no texto, então é mais que recomendado.
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