Starfield: o que tens de saber antes de comprar
Então vamos lá a isto amigos. A um artigo de opinião sobre o novo Starfield que ainda tem data de lançamento marcada para dia 6 de Setembro – se bem que já está a ser jogado por uns quantos paspalhos que decidiram largar 100 mocas pelo título para conseguirmos jogar durante o acesso antecipado.
Starfield era para mim e certamente que para muitos outros um dos jogos mais esperados do ano – isto porque sempre foi publicitado como um título ambicioso, porque é a primeira nova propriedade intelectual Bethesda em sei lá quantos anos, e porque a Xbox, principalmente depois do lançamento desastroso de Redfall, precisava de um GRANDE lançamento. Não só isso, como após a aquisição da Zenimax Bethesda por parte da Microsoft Gaming, senti que poderia haver algum tipo de animosidade perante este novo jogo. No fundo, esperava todo um circo nas plataformas de social media, de análises divididas e de completa ausência de consenso crítico.
Bruxo.
Eu não sou fã de guerras de consolas, ou entre qualquer tipo de dispositivo (apesar de conseguir admitir que sinto algum prazer em chatear os fãs da Apple). Sinto que são guerras que não ajudam ninguém, e que no fundo conseguem ser tão bizarras como ridículas, em que nós, como consumidores, defendemos marcas ou empresas privadas em busca de algum tipo de sentimento de validação: “a minha escolha é melhor que a tua!”. Eu já saí do ensino básico há algum tempo e não sinto qualquer tipo de desejo a lá regressar.
Com isto dito, todos somos parciais de certa forma. Eu também o sou, e prefiro começar este artigo a demonstrar exatamente como: gosto imenso das PIs da Bethesda, principalmente de The Elder Scrolls. Aliás, é possivelmente a minha saga favorita de qualquer videojogo. Além disso, ao longo dos anos comecei a achar alguma piada aos bugs constantes encontrados em títulos da BGS durante o seu lançamento. Contudo, se tivesse que escolher uma plataforma de eleição teria de responder Playstation, já que foi com a consola da Sony que fui criando algumas das minhas memórias prediletas dentro deste mundo dos videojogos já desde uma idade bem tenrinha. Com isto dito, deixem-me dizer-vos que tenho apenas 7 horas jogadas em Starfield, e que a minha opinião pode vir a mudar, e bastante, ao longo da minha aventura. Se for caso disso, podemos mesmo revisitar esta opinião algures no futuro.
O que é que eu esperava de Starfield?
Resumidamente, esperava um Skyrim no espaço. Esperava um típico jogo Bethesda, de ritmo, estrutura e framework semelhante áquilo a que já tínhamos tido acesso anteriormente, mas numa escala superior aos títulos passados. Esperava uma experiência envolvente, imersiva, cativante, acompanhada de uma incrível banda sonora, e com falhas claras. Contava com bugs, com problemas de otimização, com um sistema de gunplay mediano. Não pensei por momentos sequer, contudo, que estivéssemos a falar de um novo simulador espacial ao estilo de No Man’s Sky ou mesmo de Star Citizen – nunca foi esse o M.O. Bethesda, nem nunca senti que era o que estava a ser prometido ao utilizador.
Cumpriu as Expetativas?
Não só alcançou como superou, e bastante. Starfield é um jogo com claros problemas, que vou listar um pouco mais à frente, mas também como muito a oferecer. No entanto tenho que dizer desde já que é o jogo BGS com menos bugs na altura do seu lançamento desde que tenho memória. O shooting está muito melhor do que esperava, as construções planetárias e modificações da nossa nave parecem funcionar bem apesar de ainda não ter tido grande experiência com as mesmas, as dungeons, mesmo as geradas automaticamente conseguem estar bem conseguidas, e sinto que a banda sonora não me vai sair da cabeça tão cedo. Mas vamos a pormenores.
Pontos Positivos
História Envolvente
Aquilo que mais procuro num título Bethesda é de um world building a cima da média. De uma história que nos cative, e que nos arremesse para uma aventura “bigger than life”, com proporções só encontradas num autêntico épico espacial. Apesar de, como em qualquer título BGS, eu estar mais focado em explorar o que este universo tem a oferecer, mal posso esperar para saber até onde é que a história nos vai levar porque a minha curiosidade já está no auge.
Expressões Faciais
É claro que não podemos comparar Starfield a um Horizon Fobidden West, em que todas as falas e expressões faciais são animadas individualmente, até porque o número de falas presentes num jogo como este é muito superior. Com isto dito, acho que a Bethesda fez um trabalho bastante bom em animar todos os seus NPCs com um leque de expressões ainda vasto e que dá vida a personagens que, há uns anos atrás, não a teriam.
Quests e Atividades em todo o lado
Passaram por dois NPCs a terem uma conversa? Tentem entrar no diálogo. Apanharam uma carta num laboratório que descobriram num planeta remoto? Vão ao inventário ler ou mesmo ouvir essa carta. Todos estes cenários têm uma probabilidade de nos apresentar a novas histórias, a novas quests e, vão por mim, é algo que vão querer fazer. Aliás, eu atrevo-me a dizer que o conteúdo secundário em jogos BGS é-me tipicamente mais apelativo do que a história principal.
Gunplay melhor que o esperado
Assim que vi o primeiro trailer de gameplay de Starfield fiquei de pé atrás com o shooting presente no título. Parecia-me pouco preciso, redundante e com pouca variedade de comportamento de armas. Não sei se algo foi mudado entretanto, mas estava bem errado – as armas comportam-se de forma distinta, mesmo dependendo das modificações que tiverem instaladas. O sistema de disparo tem o peso necessário, recoil que vai mudando de arma para arma, e mesmo a sensação de atingir o nosso adversário está bem gratificante. Além disso, se estivermos atrás de algum tipo de ‘cover’, podemos simplesmente fazer mira que o jogo automaticamente nos coloca num estado de inclinação, ou “lean”, que nos permite disparar de trás de um abrigo. É um bom pormenor a realçar.
Gráficos
Não é um jogo, graficamente, verdadeiramente Next-Gen mas consegue ser deslumbrante. A utilização de sombras, nevoeiro, partículas e principalmente da iluminação, mais especificamente em zonas fechadas, está absolutamente incrível para um jogo desta escala.
Banda Sonora
Já sabemos que a banda sonora é sempre importante num título Bethesda Game Studios. Aliás, quantos de vocês é que não reconhecem imediatamente a música de Skyrim assim que a ouvem? Starfield não é diferente. É uma banda sonora digna de um grande épico espacial de Hollywood, o que ajuda a transportar o jogador para a mentalidade de imersão certa.
Moddling
Títulos BGS arrastam consigo uma autêntica legião de modders – fãs que se dedicam a criar modificações para o jogo que podem criar conteúdo desde simples modificações a um sistema de inventário até conteúdo completamente novo – e tendo em conta o tamanho do universo deste título, não me admirava de começar a ver alguns planetas bem familiares. Ainda estou à espera de encontrar o pântano do Shrek algures.
Corre Super bem na Steam Deck
Não estava para incluir este ponto neste artigo, mas senti que o podia fazer de qualquer forma. Após ter sido questionado, experimentei instalar Starfield na minha Steam Deck e para minha surpresa, apesar de não estar 100% otimizado para tal, corre bem melhor do que estava à espera. O jogo tende a ter algumas quebras de frames em cidades ou zonas mais populadas como é óbvio, mas mesmo assim consegue oferecer uma experiência bem satisfatória para quem quiser continuar a sua aventura fora de casa.
Pontos Negativos
User Experience
Para mim, um dos calcanhares de Aquiles de Starfield. A ausência de um mapa que não o espacial consegue, de facto, incomodar. Navegar uma cidade requer exploração e memorização do layout da mesma e apesar de termos acesso a um indicador que nos mostra onde temos que ir através do nosso scanner, sinto que é um lapso que não faz muito sentido e que poderia ter sido facilmente introduzido no título. Além disso, os menus não são propriamente intuitivos. Não que o tivessem sido no passado em outros títulos BGS, mas esperava-se que tivessem aprendido algo com experiências passadas. A navegação requer alguma aprendizagem, principalmente no que toca ao inventário e mesmo escolha de items para as nossas hotkeys.
Falta de opções gráficas
No meu caso só posso falar da versão Steam já que é a versão em que tenho jogado, mas é estranho o título ter entrado em Early Access sem uma opção de Full Screen dedicada, ou mesmo sem DLSS.
Inteligência Artificial
O outro calcanhar de Aquiles de Starfield. A IA consegue ser mesmo bastante má. Claro que nem sempre o é, mas facilmente arranjamos forma de nos aproveitarmos dessa falha. Cheguei mesmo ao ponto de simplesmente dar voltas a um inimigo de machado na mão que pouco ele conseguia fazer contra isso, que não girar 360º para me tentar apanhar e alvejar. Encontrei também alguns adversários que, mesmo depois de me verem a dizimar os seus companheiros, simplesmente ficavam a olhar para mim como se nada tivesse acontecido. É algo que, por vezes, consegue estragar um pouco a experiência.
Planetas Vazios
Nem todos os planetas estão colonizados e, como tal, alguns são mais vazios do que outros. Contudo, esperava-se que alguns desses planetas mais vazios conseguissem, ao menos, ter algum tipo de pormenor no cenário que incentivasse a exploração. Se quiserem sentir exatamente aquilo de que estou a falar, tentem visitar o planeta Terra em Starfield.
Falta de Fluidez na Navegação Espacial
Algo que poderia ter levado Starfield para um potencial GOTY seria mesmo um sistema de navegação espacial mais desenvolvido. É claro que, reiterando o que disse, não é suposto estarmos num simulador espacial. Mas parte de mim não consegue evitar imaginar o que Starfield poderia ter sido se tivesse a navegação interplanetária de, por exemplo, um No Man’s Sky.
De realçar, por fim, que grande parte destes pontos menos positivos podem ser facilmente retificados – se não pela BGS, pela própria gigantesca comunidade de Modding. Aliás, ferramentas como DLSS e slider de FOV (Field of View) estão já disponíveis graças a essa mesma comunidade. Resta saber quanto é que novas correções, oficiais ou não, serão lançadas.
Vamos lá concluir isto
Starfield é um jogo incrível. É um típico jogo Bethesda, no espaço, e a uma escala muito superior a qualquer outro título do estúdio no passado, mas é também um jogo com os seus problemas e que claramente não vai agradar a todos. É um título que, no entanto, ainda vai dar muito de que falar.
Morrowind (2002), Oblivion (2006), Fallout (2008) e Skyrim (2011) são jogos que, apesar de já terem alguns anos, continuam, ainda hoje em dia, a receber MODs que, em muitos casos, mudam completamente o título e que os conseguem manter interessantes, refrescantes e atuais. São títulos que continuam a ter uma comunidade de jogadores extremamente ativa, e que, por mais estranho que possa parecer, continuam a manter-se relevantes. E com isto dito, secalhar acabo mesmo este artigo com um desafio.
Se tal acontece com títulos tão antigos, o que acham que pode vir a acontecer com Starfield daqui a uns anos?
Até agora estou a adorar a minha experiência e claramente vou continuar a jogar – tanto em stream, como fora dela – até porque, para mim, Starfield é, para já, um 8.5/10.
Se tiverem alguma questão mais específica ou se quiserem acompanhar a aventura, já sabem que o podem fazer em TWITCH.TV/IMPAKT .
Beijinhos, abraços, juízo e até à próxima!
Comentários